Este é o Guião da CPM 8243, Companhia de Polícia Militar em que tive honra de servir, e que marchou para Moçambique no dia 10 de Junho de 1973, regressando ao RL 2 em 17 de Dezembro de 1974.
Foi comandada pelo então Capitão de Cavalaria Sacavém da Fonseca, mais tarde (nos anos 90) Comandante do RL2, e pelo então Capitão de Cavalaria do QEO Mário Cebola.
Teve o seu quartel em Lourenço Marques (actual Maputo), mais exactamente no Esquadrão de Cavalaria, no Alto Maé, onde se situava, igualmente, o 1ºTribunal Militar Territorial e a respectiva Casa de Reclusão Militar.
Nos acontecimentos designados por Movimento de Moçambique Livre (7 de Setembro de 1974) e nas confrontações de 19/21 de Outubro do mesmo ano, foi a única unidade militar chamada a intervir e a controlar toda a situação de ameaça generalizada, (por ser a única unidade militar operacional a sul do rio Savel) até que foi reforçada por um Pelotão de Pára-Quedistas idos de Porto Amélia em finais de Outubro de 1974.
Da sua folha de Serviços consta o louvor do Comando Chefe das Forças Armadas de Moçambique, por proposta do Comandante do CTS e seu despacho de 13 DEZ 74, de que tomo a liberdade de citar:
"Louvada a Companhia de Polícia Militar Nº. 8243 por tendo à sua responsabilidade, entre outros, o serviço de patrulhamento, "controle" de indivíduos e de circulação de viaturas na cidade de Lourenço Marques e bem assim a escolta e segurança dos aviões fretados pelo Exército e a segurança de Altas Entidades Militares, sempre se houve com a maior dignidade e consciência do cumprimento do dever, dando público testemunho da competência profissional dols seus elementos, pela sua maneira de actuar, sempre correcta, disciplinada, firme e exemplar.
Após o 25 de Abril, que operou profunda transformação política em todos o Ultramar Português foi a CPM 8243 chamada a assumir uma responsabilidade ainda maior em Lourenço Marques, pela necessidade permanente de controlar a situação dentro da cidade e nos subúrbios, o que só foi possível pelo seuj empenho total, com nítida compreensão da missão que lhe era cometida, sem regateio de esforços físicos nem de horas de serviço.
Os acontecimentos de 07 SET 74 e 21 OUT 74 constituiram prova cabal do real valor da CPM 8243 e da sua indefectível lealdade para com o Comando, pois foi ela que, com a sua acção decidida e oportuna, plena de serenidade e de noção do dever, contribuiu para a resolução duma situação extraordinàriamente grave e melindrosa restabelecendo a confiança dos elementos civis, acalmando os ânimos e salvando vidas humanas.
Ao alto grau de disciplina e eficiência de todos os elementos da CPM 8243, se deve o coinceito em que a Unidade é tida pelo Comando do CTS e por todas as Entidades com quem teve necessidade de co,laborar estreitamente, nomeadamente a PSP e a própria FRELIMO.
Por todos estes factos, considero a CPM 8243 muito justamente merecedora de ser distinguida pelos altos serviços prestados ao Estado de Moçambique e ao Exército Português."
O.S. Nº. 34 de 16 DEZ 74 do Cmd Chefe das F.A. de Moçambique.
Transcrito na Ordem de Serviço Nº. 241 de 16 de Dezembro de 1974 da CPM 8243.
Este é o meu modesto conrtibuto para que não se esqueça a história de uma das unidades que foram mobilizadas para o Ultramar Português através do "nosso" Regimento de Lanceiros 2.